O estudo foi amparado pelo Profix-RH, da Fapeam

Foto: Arquivo Pessoal da pesquisadora Tamily Carvalho Melo dos Santos

Identificar espécies de morcegos, seus patógenos e parasitos foram os objetivos de pesquisa apoiada pelo Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), realizada em Reservas de Desenvolvimento Sustentável, Reservas Extrativistas, Estação Ecológica, além de áreas urbanas e rurais dos municípios de Alvarães e Tefé (a 531 e 523 quilômetros de Manaus, respectivamente).

Desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e coordenada pela pesquisadora Tamily Carvalho Melo dos Santos, o estudo “Morcegos como reservatório de agentes patogênicos e zoonoses na Amazônia Central” foi realizado no âmbito do Programa de Fixação de Recursos Humanos para o Interior do Estado: Mestres e Doutores por Calha do Rio (Profix- RH), edital nº 009/2021.

O trabalho desenvolvido na região do Médio Solimões buscou gerar dados sobre a diversidade de morcegos, parasitos, assim como identificar quais espécies de morcegos são possíveis reservatórios de patógenos (vírus da raiva e Coronavírus), além de intensificar medidas preventivas para zoonoses, permitindo a elaboração de estratégias de vigilância e saúde pública.

Para a coordenadora da pesquisa, a conservação dos morcegos, aliada às pesquisas epidemiológicas e ações em saúde pública é a melhor estratégia para garantir um convívio seguro, saudável e sustentável entre seres humanos e a biodiversidade.

“É importante ressaltar que, embora estejam associados à transmissão de agentes patogênicos, os morcegos não são vilões. Eles desempenham papéis ecológicos cruciais. O verdadeiro desafio está no equilíbrio: entender como esses animais interagem com o meio ambiente e com os seres humanos é a chave para prevenir futuras crises sanitárias”, comentou Tamily Santos.

Análise de patógenos

Foto: Arquivo Pessoal da pesquisadora Tamily Carvalho Melo dos Santos

Para realizar o levantamento de informações sobre os morcegos, os pesquisadores utilizaram redes de neblina, além de detectores de ultrassom para registrar as espécies que não são capturadas por meio desse equipamento. Ao todo, foram capturados 1.116 morcegos, de 8 famílias, 41 gêneros e 85 espécies.

Os testes realizados em 727 morcegos para raiva e Coronavírus deram resultados negativos. Em relação aos parasitos, foram identificadas sete espécies de helmintos, com o primeiro registro para o Brasil da espécie Nudacotyle novicia, um verme trematódeo, antes registrado apenas no Equador.

E as análises moleculares do sangue de 80 morcegos identificaram que 21 deles estavam infectados com Mycoplasma spp., que é uma bactéria conhecida por causar infecções respiratórias, genitais e outras doenças.

Educação ambiental

Os pesquisadores também realizaram atividade de educação ambiental nas comunidades da Reserva Mamirauá e na cidade de Tefé. Os comunitários conheceram sobre a importância ecológica dos morcegos na manutenção e regeneração das florestas, além de terem participado de atividades de campo, acompanhando e auxiliando na coleta dos dados da pesquisa. Também foi possível informar o papel dos morcegos como polinizadores e no controle e predação de insetos.

Fomento à pesquisa

A coordenadora da pesquisa, Tamily Santos, destacou que o fomento da Fapeam foi fundamental na viabilização da pesquisa. “Além do suporte financeiro, a Fundação contribui diretamente para a disseminação do conhecimento científico, incentivando a inovação e o desenvolvimento sustentável na região amazônica”, finalizou.

Profix-RH

O Programa de Fixação de Recursos Humanos para o Interior do Estado: Mestres e Doutores por Calha do Rio (Profix- RH) tem como objetivo estimular a fixação de mestres e doutores em instituições de ensino e pesquisa do interior do estado, além de contribuir para resolutividade de problemas locais por meio da Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I), com o apoio por meio da concessão de bolsas e auxílio financeiro.