MENU
Saúde

Dia da Consciência Negra: Morador de quilombo, em Manaus, tem assistência do Melhor em Casa

Programa atende pacientes desospitalizados que precisam de cuidados contínuos no próprio lar

Situado no coração da Praça 14 de Janeiro, em Manaus (AM), o Barranco de São Benedito é o primeiro quilombo urbano da Amazônia. Certificado em 2014, é um centro de resistência cultural que preserva tradições afro-brasileiras por meio de atividades como samba, culinária, artesanato e celebrações religiosas. É lá que mora Manoel Vieira Paixão, 79 anos. Portador de diabetes mellitus tipo 2 e com mobilidade reduzida, ele é paciente do programa Melhor em Casa.

O programa, executado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), oferece acompanhamento domiciliar a pacientes desospitalizados que precisam de tratamento contínuo. Manoel está no programa desde agosto de 2025, evidenciando o alinhamento do Melhor em Casa à Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), que orienta o SUS a enfrentar desigualdades étnico-raciais e ampliar o acesso de negros e quilombolas ao Sistema Único de Saúde.

No Dia da Consciência Negra, celebrado neste 20 de novembro, a SES-AM reafirma seu compromisso com os princípios da equidade e universalidade do SUS. Programas como o Melhor em Casa garantem cuidado integral, incluindo populações historicamente vulnerabilizadas, respeitando diversidade, identidade e pertencimento cultural.

A atuação do programa está alinhada às diretrizes da política instituída em 2009, que busca reparação histórica à população negra e promove acesso ao acompanhamento das doenças que mais a afetam: hipertensão, anemia falciforme e diabetes.

É o caso de Manoel, cuja condição clínica exige atenção contínua. Com o atendimento domiciliar, esses princípios se materializam em ações concretas, garantindo que o cuidado especializado chegue ao paciente sem exigir deslocamentos muitas vezes incompatíveis com sua realidade.

“Ao fortalecer o acesso e reduzir desigualdades no cuidado, o Melhor em Casa representa, nesta data simbólica, o compromisso da SES-AM com um SUS mais justo, inclusivo e alinhado à luta por direitos, reparação histórica e dignidade para a população negra do Amazonas”, afirma a secretária de Estado de Saúde, Nayara Maksoud.

Garantir saúde com justiça racial, reforça a secretária, é reconhecer desigualdades históricas e agir para superá-las por meio de políticas públicas sólidas, dados qualificados e equipes preparadas. “Quando o cuidado chega a territórios como o Barranco de São Benedito, reafirmamos que a equidade não é discurso: é prática e compromisso”, ressalta.

A equipe do Melhor em Casa é formada por médico, enfermeiro, técnico de enfermagem, fisioterapeuta, psicólogo, assistente social, nutricionista e fonoaudióloga. O cuidado integrado possibilita que o paciente receba suporte clínico, orientações de autocuidado, acompanhamento social e reabilitação, sem enfrentar longos deslocamentos ou barreiras urbanas que dificultam sua mobilidade.

“O tratamento é muito bom, não tenho do que reclamar. Esse programa melhorou minha vida”, afirma seu Manoel, que perdeu parte de uma perna e o segmento distal do outro pé devido às complicações do diabetes. Ele conta que, para sair de casa, precisa do auxílio do filho, da cadeira de rodas e de superar obstáculos como escadas e ausência de rampas. Ser atendido em casa, segundo ele, é um alívio.

A médica generalista Thayná Andrade, integrante da equipe, reforça que o atendimento domiciliar transforma a experiência de cuidado e contribui para uma desospitalização mais segura. Segundo ela, muitos pacientes deixam de buscar assistência por não conseguirem chegar à unidade básica. Ao inverter a lógica tradicional e levar o SUS até o domicílio, a política garante acolhimento, melhora a evolução clínica e reduz riscos, como infecções hospitalares e episódios de delírio.

“É uma mudança profunda na vida do paciente que não consegue ir até um serviço de saúde. Quando o cuidado chega até ele, a assistência se torna efetiva, a qualidade de vida melhora e o tratamento evolui de forma mais humanizada”, explica a médica, destacando que a presença da família no processo terapêutico fortalece vínculos e favorece a recuperação.

Compromisso com a equidade

O compromisso com a equidade é reforçado pelo conjunto de ações desenvolvidas ao longo de 2025 pela Coordenação Estadual de Saúde Integral da População Negra da SES-AM. Entre os principais avanços está a publicação da Nota Técnica nº 01/2025, aprovada pela Comissão Intergestores Bipartite (CIB), orientando municípios a incluir metas e indicadores com recorte racial nos Planos Municipais de Saúde 2026–2029.

Outro marco foi o Boletim Epidemiológico de Mortalidade Materno-Infantil da População Negra, elaborado em parceria com a FVS-RCP, destacando desigualdades persistentes e a importância da vigilância baseada em dados étnico-raciais.

A SES-AM também intensificou o apoio técnico aos municípios, incentivando a criação de comitês locais e a designação de pontos focais da política. A agenda de formação e sensibilização será ampliada em 2026, com cursos sobre racismo institucional, saúde da mulher negra, doença falciforme e acolhimento da população LGBTI+ negra. Além disso, avançará na construção participativa da Política Estadual de Saúde Integral da População Negra (PESIPN-AM) e no início do monitoramento do Painel de Indicadores de Saúde da População Negra.

Ao unir atenção domiciliar, políticas de equidade e fortalecimento da rede de cuidado, a SES-AM reafirma seu papel na promoção da saúde da população negra no Amazonas, ampliando o acesso, combatendo desigualdades e assegurando que cada território seja alcançado com dignidade, respeito e inclusão.


Privacy Overview

Utilizamos cookies para permitir uma melhor experiência em nosso website e para nos ajudar a compreender quais informações são mais úteis e relevantes para você. Por isso é importante que você concorde com a política de uso de cookies da Agência Amazonas. Você pode encontrar mais informações sobre quais cookies estamos utilizando em configurações.