Doação de órgãos – Foto: Rodrigo Santos/SES-AM

O transplante de órgãos pode ser a única esperança de vida ou a oportunidade de um recomeço para pessoas que precisam da doação, por isso, o Dia Nacional de Incentivo à Doação de Órgãos, comemorado neste 27 de setembro, foi instituído para conscientizar a sociedade sobre a importância da doação e, ao mesmo tempo, incentivar que as pessoas conversem com seus familiares e amigos sobre o assunto, deixando claro o desejo de ser doador. 

Durante todo o mês, a Central de Transplantes do Amazonas realizou a campanha “Setembro Verde” voltada para a sensibilização da sociedade a respeito da comunicação, em vida, do desejo de doar os órgãos. 

Entre os dias 21 e 25 de setembro, atividades de sensibilização com palestras, panfletagem, atividade musical e sorteio de brindes entre pacientes e acompanhantes, além da entrega de cartas de agradecimento às famílias de doadores, foram realizadas no Hospital Francisca Mendes, na Fundação Hospital Adriano Jorge e nos Hospitais e Prontos-Socorros João Lúcio, Platão Araújo e 28 de Agosto. 

Alta recusa – No Amazonas, um dos motivos para a recusa da família em realizar a doação é a falta de confirmação, em vida, do potencial doador. De acordo com a Central de Transplantes, 69% das famílias negam a doação por desconhecer a vontade do parente em relação ao assunto. 

No HPS Platão Araújo, quase 100% das coletas são de córneas (tecidos) doadas por pacientes vítimas de traumas. Porém, em média, 30% das famílias abordadas pela equipe do Serviço Social do hospital não autorizam a doação. 

De acordo com o coordenador da Central de Transplantes do Amazonas, Marcos Lins, é necessário fortalecer junto à sociedade a importância de comunicar à família sobre o desejo de ser um doador. “Há muita desinformação sobre a doação de órgãos, muitas vidas deixam de ser salvas por desconhecimento. Muitas famílias dizem não por não saberem a vontade do paciente”, relata. 

Doações no estado – Em 2019, foram realizados 153 transplantes de córnea no Amazonas. Já em 2020, foram feitos 38 transplantes. A queda no número de transplantes foi ocasionada pela pandemia de Covid-19.

Os transplantes de córnea foram interrompidos pelo risco de contaminação dos pacientes e também dos profissionais. Antes dos procedimentos serem paralisados, foi feito um estoque de córneas para transplante de urgência.

Mesmo com a interrupção dos procedimentos, a captação de órgãos (fígado e rim) se manteve estável no primeiro semestre de 2020, em comparação ao ano anterior. Em 2019, foram realizadas 24 captações de rins. Em 2020, apenas nos primeiros meses do ano, a Central de Transplantes conseguiu captar oito fígados e 20 rins, doados para pacientes que aguardavam na fila nacional de transplantes.

Fila de espera – O estado do Amazonas realiza apenas transplantes de córneas e não há fila de espera. Há também a captação para transplante de rim e fígado. 

Os pacientes que precisam de transplantes de outros tipos de órgãos e tecidos, que não córneas, realizam o procedimento em outros estados por meio do processo de TFD (Tratamento Fora de Domicílio) e aguardam em fila geral do Ministério da Saúde.

Captação desde 2011 – As doações de órgãos, a partir de doadores falecidos no Amazonas, iniciaram em 2011. Desde então, foram captados 306 rins e 40 fígados. Já as captações de córneas (tecidos) iniciaram em 2004, totalizando até o momento 3.818 doações.

Os órgãos doados no Amazonas são ofertados para a Central Nacional de Transplantes (CNT), órgão que fica em Brasília e é responsável por localizar um receptor em um ranking nacional. Uma vez feita essa identificação, o órgão é enviado para o estado onde se encontra o receptor.

A compatibilidade entre doador e receptor é determinada por exames laboratoriais e a posição em lista é determinada com base em critérios como tempo de espera e urgência do procedimento.

O que é um transplante de órgão? – O transplante de órgãos é um procedimento cirúrgico que consiste na reposição de um órgão ou tecido de uma pessoa doente (receptor) por outro órgão ou tecido saudável de um doador, geralmente após morte cerebral, ou seja, com a perda completa e irreversível das funções cerebrais, mas também em vida (intervivos), quando se doa parte de um órgão para um familiar.