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“Fazer as coisas sozinha é tão maravilhoso. Até escovar os dentes sozinha é uma coisa tão maravilhosa”. Este é o depoimento emocionado de Luana Alfaia quase um ano após sair da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Pronto-Socorro (HPS) João Lúcio, por conta da forma mais grave e rara da Síndrome de Guillain-Barré (doença autoimune que atinge o sistema nervoso). Ela conseguiu recuperar os movimentos com sessões de fisioterapia realizadas no Centro Especializado de Reabilitação III (CER III), na Policlínica Codajás. 

A paciente colhe os resultados da sua força de vontade e do tratamento de fisioterapia realizado no CER III. Em maio do ano passado, Luana foi diagnosticada, pela segunda vez, com a Síndrome de Guillain-Barré e ficou internada na UTI do HPS João Lúcio por quatro meses, sendo traqueostomizada e intubada. Durante esse tempo, recebeu o tratamento multiprofissional da equipe da unidade de saúde que conta com médicos, enfermeiros, fonoaudiólogo, fisioterapeuta e técnicos.

“No caso da Luana é raro, a cada 100 mil pacientes, de 1 a 4 pessoas podem ter essa síndrome. E é uma doença autoimune que não tem uma causa conhecida”, esclarece a fisioterapeuta Karina Crubellati Sousa, que acompanha Luana desde agosto de 2019. 

Após a alta hospitalar, a paciente foi encaminhada para o CER III a fim de continuar o tratamento por meio das sessões de fisioterapia. “Quando ela saiu do João Lúcio, começamos um trabalho com ela, que não conseguia se movimentar, mal ela conseguia sentar. Então, ela sentia muita falta de ar, dificuldade respiratória. Primeiramente, foi feito um trabalho da fisioterapia respiratória para melhorar a capacidade pulmonar dela, melhorar a força diafragmática”, contou a fisioterapeuta Karina.

De acordo com Karina, a fisioterapia é importante no processo de reabilitação do paciente, seja na parte muscular ou respiratória, proporcionando qualidade de vida para o paciente ao ganhar força, melhorando o equilíbrio, coordenação motora até ele ser reabilitado para que volte à vida dele mais perto do normal possível.

A fisioterapeuta destaca que os resultados positivos dependem tanto do profissional quanto do paciente. “Todo o dia, a gente ganha um pouquinho e é muito importante também que o paciente ajude, que colabore no processo”, ressaltou. Segundo a profissional, Luana foi determinada, o que auxiliou na recuperação, já que, no caso da paciente, o processo é mais longo. 

Tratamento na rede estadual de saúde – Foto: Geizyara Brandão/Susam

Apoio familiar – Luana relata que o apoio da família, dos amigos e dos profissionais de saúde também foram essenciais para que pudesse avançar na reabilitação. “Agradeço aos meus familiares, meu marido, minha cunhada, minha mãe, meu pai, até a empresa onde eu trabalhava que me deu muito apoio. Até hoje, eles ainda me ajudam. Eu conheci pessoas maravilhosas ao longo da minha vida que eu só tenho a agradecer pela minha recuperação”, salientou.

A paciente conta que, no início do tratamento, eram três pessoas que a ajudavam a realizar os exercícios da fisioterapia, sendo os dois enteados e a fisioterapeuta. “Eu praticamente reiniciei a minha vida, voltar à estaca zero de novo e aprender a fazer tudo novamente é bem difícil. Então, você ter a sua liberdade, sua independência é bem gratificante”, enfatizou.

Ela também destacou a importância de ter força de vontade para enfrentar o desafio, mesmo que, em alguns dias, o desânimo surja. “Para ganharmos nossa independência é importante vir de nós a vontade de querer andar, recuperar os movimentos. É importante não perder a esperança. É sempre um dia após o outro”, ressaltou Luana.

Luana Alfaia, paciente do CER III – Foto: Geyziara Brandão/Susam

Tratamento – O CER III atende pacientes que necessitam de tratamento fisioterapêutico. Conforme Karina Crubellati, o perfil mais atendido na unidade envolve pacientes com questões de saúde de alta complexidade. 

“A gente atende todo tipo de paciente, mas principalmente pacientes com alta complexidade, pacientes com problemas neurológicos, pacientes amputados, seja por um problema vascular ou traumático/ortopédico”, esclareceu.

A profissional evidencia que cada caso atendido no CER III tem sua especificidade e o tratamento é individualizado. Ela ressalta ainda que, em virtude da particularidade de cada problema de saúde, alguns pacientes evoluem de forma mais rápida e satisfatória que outros. 

Fisioterapia na Policlínica Codajás – Foto: Geizyara Brandão/Susam