A pesquisa desenvolvida pelo doutorando Edson Henrique Arruda foi apoiada pela Fapeam, por meio do Programa de Pós-Graduação da Rede de Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal – FOTO: Divulgação

Mulheres com restrição de proteína durante a gestação correm risco  de desenvolver diabetes mellitus gestacional (DMG). Foi o que constatou o estudo intitulado “Protein restriction during pregnancy impairs intra-islet GLP-1 and the expansion of β-cell mass” (“A restrição de proteínas durante a gravidez prejudica o GLP-1 intra-ilhotas e a expansão da massa de células β”), publicado na revista científica “Molecular and Cellular Enfocrinology”.

A pesquisa desenvolvida pelo doutorando Edson Henrique Arruda foi apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), por meio do Programa de Pós-Graduação da Rede de Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal (Rede Bionorte), do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), juntamente com o Programa de Pós-Graduação em Nutrição, Alimentos e Metabolismo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

A finalidade do estudo foi avaliar mecanismos celulares e moleculares envolvidos nas adaptações das células beta à gestação. Primeiramente, porque o acesso ao pâncreas humano é limitado e pouco acessível, e as adaptações das células beta à gestação se assemelham em humanos e roedores. Assim, os mecanismos envolvidos na expansão e na função de células beta em modelos animais podem ter aplicabilidade direta na doença humana. Segundo, porque permitem entender a etiopatologia do diabetes mellitus gestacional e podem contribuir para avanços na sua prevenção e tratamento, explica o pesquisador.

Para o resultado parcial da pesquisa, foi utilizada a restrição proteica estudada em animais, especificamente ratas prenhes, foi verificado que a dieta pobre em proteína (como simbolizado pelo animal que recebe dieta hipoproteica 6%), ocasiona malefícios tanto para a mãe quanto para o feto.

“Foi notório o tamanho menor da prole e das ratas que se alimentavam durante a gestação com dieta pobre em proteínas. Além disso, verificou-se que a dieta com quantidade de 17% de proteínas era essencial para que a células beta pancreáticas continuassem produzindo insulina. Em nossas análises, verificamos que as ratas que comiam uma dieta hipoproteica ficavam pré-diabéticas porque as células possuíam uma maior resistência à insulina (menos sensibilidade ao hormônio)”, relata o pesquisador.

Aplicabilidade da dieta hipoproteica – É uma dieta que fornece o mínimo de proteína possível, uma alimentação pobre de proteínas. No trabalho, foi descrita a composição de dieta hipoprotéica (6% de proteína) purificada para indução de quadro de desnutrição em roedores.

A dieta em questão contém os seguintes componentes (g/ kg): amido de milho (480), caseína (71,5), dextrina de milho (159), sacarose (121), óleo de soja (70), microcelulose (50), mistura mineral AIN-93-G-MX (35), mistura de vitaminas AIN-93-G-VX, (10), L-cistina (1), cloridrato de colina (2,5).

Os ratos alimentados cronicamente com a dieta apresentaram sinais comumente presentes na desnutrição protéica humana e de animais de laboratório: redução do ganho de peso, hipoproteinemia, hipoalbuminemia, elevação dos ácidos graxos livres séricos e do glicogênio hepático.

A pesquisa foi aplicada com ratas Wistar de 90 dias, que foram separadas em quatro grupos e submetidas a prenhez e dieta hipoproteica.

O pesquisador destaca que, por meio do estudo, será possível tratar e evitar os milhares de indivíduos que são acometidos por diabetes mellitus tipo 2 todo ano e, eventualmente, num futuro oportuno, tentar responder à sociedade como se pode prevenir ou inibir essa e outras doenças.

“Agora que já temos conhecimento de que a dieta hipoproteica prejudica expansão de massa de células beta e a produção do GLP-1 (hormônio semelhante ao glucagon) em ratas prenhes, podemos partir para experimentação com outros genes da via de sinalização (proliferação e apoptose) e incrementar a dieta dessas ratas com um tipo de cogumelo amazônico (Pleurotos Ostreatus), na intenção de suplementar a dieta. É sabido por artigos científicos que esse cogumelo reduz níveis de colesterol e glicemia, e pode-se abrir um parêntese para mais estudos com ratas grávidas, dieta suplementada, teor de proteína na dieta e cascata de sinalização para produção de insulina e desenvolvimento da massa células do pâncreas”,  pondera.      

Diabetes mellitus gestacional (DMG) – É uma intolerância à glicose que se inicia ou é detectada pela primeira vez durante a gravidez. O DMG é caracterizado pela insuficiência das células beta-pancreáticas ao suprir a demanda corporal de insulina.

Rede Bionorte – Tem como objetivo integrar competências para o desenvolvimento de projetos de pesquisa, inovação e formação de recursos humanos, com foco na biodiversidade e biotecnologia. Os estudos geram conhecimentos, processos e produtos que contribuem para o desenvolvimento sustentável da região.