Indígena da etnia Tukano assumiu a supervisão da restaurante popular no município que possuiu 23 etnias diferentes

Foto: Divulgação/Seas
Criado pelo Governo do Amazonas, o programa Prato Cheio registrou um marco inédito: pela primeira vez, uma mulher indígena assume a supervisão de uma unidade do programa. Em São Gabriel da Cachoeira (a 852 quilômetros em linha reta de Manaus), o restaurante popular apresentou, nesta semana, a nova supervisora do local, Aldecimar Moura.
A gestora é da etnia Tukano, uma das 23 etnias que compõem São Gabriel da Cachoeira, reconhecida como a cidade com a maior predominância indígena do país. Para Aldecimar, estar à frente do restaurante representa a valorização da identidade do povo e a importância da presença indígena nas políticas públicas.
“Estar nessa função é significativo para mim, como mulher indígena e filha desta terra, e para o nosso município, porque valoriza a nossa identidade enquanto povo e demonstra um compromisso com a diversidade e a inclusão. Estou muito feliz e grata pela oportunidade”, declarou a gestora.
Aldecimar disse, ainda, que o Prato Cheio vai além de oferecer refeições e é um espaço de acolhimento da comunidade, especialmente para aqueles em situação de vulnerabilidade.
“É muito importante que o nosso público seja acolhido da melhor forma. Aqui, falamos três línguas além do português: Nheengatu, Tukano e Baniwa. Muitos vêm de comunidades mais distantes e falar a língua deles faz com que se sintam acolhidos e representados. Sou tukana e falo tukano, pretendo utilizar isso no dia a dia para atender aqueles que vem almoçar aqui porque acredito que isso humaniza o atendimento”, explicou Aldecimar Moura.


O Prato Cheio é administrado pela Secretaria de Estado da Assistência Social e Combate à Fome (Seas, em parceria com a Agência Amazonense de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental (Aadesam). Para a secretária executiva adjunta de Segurança Alimentar e Nutricioal (Seasan) da Seas, Lane Edwards, a escolha fortalece a representatividade e o protagonismo dos povos originários na gestão de políticas públicas de segurança alimentar.
“Ter uma mulher indígena à frente da unidade de São Gabriel da Cachoeira é um marco para o Amazonas. Isso reforça o compromisso do Governo do Estado em valorizar a diversidade e garantir que as políticas públicas cheguem cada vez mais próximas da realidade das comunidades”, afirmou.
Segurança Alimentar
O programa Prato Cheio tem 44 unidades no Amazonas, sendo 18 na capital e 26 no interior. De 2019 a 2025, as 44 unidades serviram mais de 18 milhões de refeições. O cardápio é elaborado por profissionais capacitados, de forma que as refeições servidas tenham todos os nutrientes necessários para uma pessoa, com equilíbrio e qualidade, e respeitando a cultura e costumes locais.
O programa é dividido em dois serviços distintos: os restaurantes populares, que funcionam de segunda a sexta-feira, das 8h às 13h, com refeições no valor simbólico de R$ 1; e as cozinhas populares, nas quais a sopa é gratuita e cada pessoa atendida tem direito a 1 litro de alimento, de segunda a sábado, também das 8h às 13h.
Além de servir refeições, algumas unidades do programa possuem um cantinho da leitura, onde os usuários podem ler os diversos livros ofertados. As unidades também realizam palestras sobre saúde e qualidade de vida e cursos que visam a qualificação e o empreendedorismo.